lunedì 12 settembre 2011

A REVOLTA ORTOGRÁFICA

Talvez por falta de espaço, quiçá por razões editorias, o fato é que a Revista Isto É não publicou essa carta enviada, de Roma, sobre matéria veiculada na edição 2179:

Roma, 15 de agosto de 2011
Senhor Redator, saudações!
REVOLTA ORTOGRÁFICA

A reportagem de Wilson Aquino e Michel Alecrim, páginas 76 e 77 (Edição 2179) da Isto É, deixa claro a complexidade do tema. Em 2009 editamos e publicamos 3 mil exemplares do livro “Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa”, edição esgotada, e este ano estaremos lançando “Acordo Ortográfico – Vocabulário das Palavras Modificadas”, na tentativa de ajudarmos a esclarecer o tema, que tem sido pintado, por alguns como mais complicado que a realidade. Há, realmente, óbices advindos do próprio texto do Acordo Ortográfico, que não ajudam ao falante da língua e que poderiam ter sido evitados se houvesse havido maior abertura por parte da Comissão de Negociação do Acordo. Isso ocasionou a criação da dupla grafia e do duplo acento à escolha do usuário.
Outro aspecto confuso e difícil de compreender é a utilização do hífen, que ocupa 3 das 21 bases do Acordo, mas é pouco esclarecedor e com regras sujeitas à livre interpretação do leitor:
a) Usa-se o hífen após, pré-, pós- e pró- “quando o segundo elemento tem vida própria” (B. XVI, 1f). Ora, a indicação “tem vida própria”, é vaga, varia e é muito relativa.
b) Não se usa mais o prefixo nas palavras que perderam a noção de prefixo (B. XVI, 1d). Ao lado dos muitos casos evidentes, existem outros tantos duvidosos.
c) O hífen se usa no encadeamento vocabular sem elemento de ligação (B. XV, 1). O VOLP, porém, traz: não agressão, não assistência, não combatente, não cooperação, não eu, não ficção, não governamental, não valia, não viciado etc. São compostos sem elemento de ligação, semelhantes a: sem-barba, sem-cerimônia, sem-família, sem-fim, sem-luz, sem-modos, sem-nome, sem-terra. É uma sem-gracice. Existem dúvidas como: sócio-proprietário ou socioproprietário...
d) Há casos complexos de duplicidade como: centroafricano = da República Centro-Africana e centro-africano = da África Central. Ela é ótima para pegadinhas em concursos.

Há casos de omissão. Um é a falta de uma observação sobre os termos - sejam prefixos ou não - que podem ser modificados por um hífen, como, por exemplo: uma pré-caução não é o mesmo que precaução; um pré-conceito é outra coisa que preconceito; um pré-juízo é diferente de um prejuízo; eu posso escrever um pré-texto como pretexto para uma conversa; eu posso ter uma pré-ocupação, mas sem preocupação; extra-polar não é extrapolar; os fatos pós-colombianos nada têm a ver com os famosos e procurados pós colombianos.

Não é o nosso desejo fazer crítica negativa e destrutiva a quem quer que seja, muito menos a entidades respeitáveis como a Academia Brasileira de Letras, nem a pessoas, como os insignes responsáveis pela elaboração do VOLP. Sabemos que nenhum dicionário é completo, seja pela extensão dos conhecimentos, seja pela rapidez do crescimento da língua, pois a cada dia surgem novas palavras. É por isso que existem os dicionários especializados nos diversos ramos do saber.

O nosso livro que será lançado até dezembro traz uma relação de dezenas e dezenas de palavras e de expressões que faltam no VOLP/2009. O fazemos como um serviço a tantos leitores que, por força de outros empenhos e obrigações, não têm tempo de ler as 877 páginas do VOLP e, por conseguinte, não se dão conta, de que nele existem tantas lacunas. Pedimos à ABL que a próxima edição do VOLP corrija as palavras siti-irgia e siti-írgico, formuladas indevidamente. Os termos se formam das palavras gregas, sitia = alimento + eírgo = repelir, portanto o correto é sitieirgia ou então siteirgia e o adjetivo sitieírgico ou siteírgico, assim respeitam-se as normas da formação de palavras originárias de termos estrangeiros e isso implica ainda na eliminação do hífen.

O Acordo precisa, sim, de ajustes, mas é melhor tê-lo assim que não ter nenhum, pois independente de bairrismos, é muito importante termos uma única língua portuguesa.

Frei Hermínio Bezerra de Oliveira - Tradutor
Via Piemonte, 70 *** CEP.00187 – Roma – Itália

2 commenti:

  1. Caro Frei, que ótimo esse projeto. Se depender só dos governos a língua fica mesmo estanque, ótima iniciativa dos senhores. Gostaria de ressaltar que não há nos dicionários a palavra "transgênero" e sua derivada "transgenerismo/transgeneralidade". Sugiro que seja pensada a inserção no vocabulário que está sendo preparado pelos senhores. Seria muito enriquecedor para a língua. Obrigada e parabéns pelo belo projeto!

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  2. Obs.: como se tem acesso ao livro? É online e gratuito?

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