martedì 14 dicembre 2010

A palavra sustentabilidade

As palavras vão entrando e saindo de moda conforme as proposições de cada momento, as necessidades e as vontades daqueles que detêm o poder temporal, seja político ou econômico. É curioso, por exemplo, perceber o que ocorre com a palavra "sustentabilidade". Para o mundo capitalista, ela significa apenas a melhor maneira de auferir mais lucro com os seus negócios. É poder, por exemplo, dispor dos recursos da natureza, visando auferir mais e mais lucros e atingir alto nível de desenvolvimento em benefício pessoal ou de uma nação em particular. Não importa, para estes, se existem outros com os quais se devam dividir esses bens.

Mas a sustentabilidade verdadeira está justamente em se gastar e consumir menos para que outros, não apenas dessa geração, mas de gerações futuras também possam vir a se beneficiar desses bens que a Terra nos proporciona.

É preciso, portanto, que haja uma radical mudança de paradigma. Não basta mais reciclar, reutilizar, reduzir o consumo, é preciso que se mude esse modelo perverso de produção e de consumo desenfreado. Uma drástica redução de gastos das nações mais ricas. Uma redistribuição da riqueza mundial. Redução no usos de energia, sobretudo, de combustíveis fósseis.

Sustentabilidade, pois, é isso, garantir que as nações em desenvolvimento e as gerações futuras também possam vir a poder usufruir dos bens que a Natureza nos dá. Fabricar menos armas e produzir mais alimentos. Plantar mais amor e diminuir os pastos. Reduzir o consumo e, sobretudo, a produção de bens supérfluos.

Zacharias Bezerra de Oliveira

lunedì 6 dicembre 2010

Organização da ortografia

A língua como meio de comunicação, além de falada, é também grafada com os símbolos que chamamos escrita.

A ortografia, do grego, orthós = correto, direito, + grafia = escrita, é o conjunto de normas que a sociedade de determinada época convencionou serem corretas e aptas para representar os sons emitidos na fala. Essas normas, de tempos em tempos, devem ser atualizadas para acompanhar a célere evolução da língua falada e para facilitar o seu ensino.

Portugal existe como nação desde 1143, quando se tornou um reino independente e desde 1290 tem o português como língua oficial. Mas somente em 1911 foi feita a primeira sistematização ou organização da escrita da língua portuguesa.

Normatização da língua

A primeira intervenção visando estabelecer normas para escrever e falar a língua portuguesa usada desde a Idade Média, coube a Portugal que, para isso, no final de 1910 nomeou uma Comissão com os membros: Aniceto dos Reis Gonçalves Viana, Adolfo Coelho, Carolina Michaelis, Borges Grainha, Cândido Figueiredo, Gonçalves Guimarães, José Joaquim Nunes, Júlio G. Moreira (e Epifânio da Silva Dias, que escusou-se por não poder participar). A Academia Brasileira de Letras, que existe desde 20/01/1897, por iniciativa de Machado de Assis e Joaquim Nabuco, recebeu comunicação sobre esse fato, no dia 17/01/1912.

Essa normalização seguiu a indicação do grande filólogo, foneticista e lexicógrafo português Aniceto dos Reis Gonçalves Viana, que em 1904 escandalizou a muitos, ao publicar um livro intitulado: ORTOGRAFIA NACIONAL, quando pela norma vigente deveria ser: ORTHOGRAPHIA NACIONAL. Gonçalves Viana, para simplificar a escrita do português propunha:

a) A eliminação dos grupos, ph, rh, th; e do y;

b) A eliminação das consoantes dobradas, com exceção rr e ss;

c) A eliminação das consoantes não pronunciadas, quando estas não influíam na pronúncia da vogal anterior.

d) Regularização da acentuação gráfica.

A sistematização do português feita por essa Comissão, que estabelecia a simplificação da ortografia portuguesa, foi oficializada em Portugal no dia 01/09/1911. Ela preocupou-se em melhorar a correspondência entre a língua escrita e a língua falada, em detrimento da etimologia, o que representa um prejuízo para a compreensão da origem das palavras e de seu significado preciso. E com isso criaram-se resistências em diversos setores da comunidade lusófona, tanto em Portugal, quanto no Brasil.

Relutante, o Brasil, somente em 1915, aprovou as decisões dessa normatização portuguesa, mas com reservas e com fortes oscilações entre pontos a serem adotados e rejeitados. Por conta da insatisfação de muitos setores, em 1919 o poeta Osório Duque Estrada – o autor da letra do Hino Nacional Brasileiro – mobilizou a Academia Brasileira de Letras e diversos setores da sociedade brasileira e conseguiu que o Brasil revogasse a aprovação feita em 1915. Com essa revogação voltamos a escrever: azymo, cavallo, cysne, hydra, phalange, photo, phantasma, pharmácia, phósforo, labyrintho, lágryma, lymphoma, lyra, lynce, lyrio, theatro, myxoscopia, martyr, mytho, neóphito, nympha, philosophia, rhetórica, rhinite, rhombo, rhonco, tyroide, thema, theologia, thesouro, tohrax, typho, typo, xysto, zygoto...

Sabemos que é muito difícil, se não impossível, legislar sobre fonética sem controvérsias. Na prática, não se consegue estabelecer normas gerais, que englobem as particularidades da pronúncia de Portugal, das várias regiões do Brasil, de Angola, de Cabo Verde, de Moçambique, de Timor Leste etc. É por isso que todos os Acordos tentados foram muito difíceis e encontraram tantas e tão cerradas resistências.