domenica 30 maggio 2010

DE ONDE VÊM AS PALAVRAS?

Em seu livro sobre origens e curiosidades da língua portuguesa, cujo título é o mesmo deste artigo, Deonísio Silva (2004), discorre sobre a etimologia histórica de muitas palavras, uma delas está muita ligada às nossas origens sertanejas: aboiar.

O autor explica que aboiar vem de boi, do latim, em que o nominativo é bos e o genitivo, bovis. Acrescentaram-se, então, o prefixo "a" e o sufixo "ar" à palavra "boi" e formou-se a palavra aboiar. É o ato dos vaqueiros cantarem à frente do gado para tranquilizar e conduzir as reses. Diversos escritores tratam dos sentimentos do boi, do qual, dizem, só não se aproveita o berro. A monotonia da cantiga, entoada pelos condutores de gado, expressa a saudade de homens e bois, ambos afastados do lar e da querência, rumo a separações inevitáveis.

Segundo Deonísio, Euclides da Cunha discerniu um complicado espaço de negociação devido às ligações afetivas entre homens e boi: "Vai dali mesmo contando as peças destinadas à feira; considera, aqui, um velho boi que ele conhece há dez anos e nunca levouà feira, mercê de uma amizade antiga; além de um numbica claudicante, em cujo flanco se enterra estrepe agudo, que é preciso arrancar; mais longe, mascarado, a cabeça alta e desafiadora, seguindo apenas guiado pela compreensão dos outros, o garrote bravo, que subjugou pegando-o de saia, e derrubando-o na caatinga; acolá, caminhando folgado porque os demais o respeitam, abrindo-lhe em roda um claro, largo pescoço, energadura de búfalo, o touro vigoroso, inveja de toda redondeza, cujas armas rígidas e curtas relembram estalafas, rombas e cheias de terra, guampaços formidáveis, em luta com os rivais possantes, nos logradouros; além, para toda a banda, outras peças, conhecidas, todas, revivendo-lhe todas, uma a uma, um incidente, um pormenor qualquer de sua existência primitiva e simples".

Aliás, esse canto do vaqueiro, que nosso avô, Luiz Bezerra de Menezes Lima, entoou tantas vezes conduzindo gado dos Ihamuns para os sertões de Goiás, também já foi comparado a cantiga de ninar o gado, explica Deonísio, e mereceu outros lamentos, como nos versos de Pedro Bento e Zé da Estrada: "Cada jamanta que eu vejo carregada/ transportando uma boiada,/ me aperta o coração./ E quando olho minha tralha pendurada/ de tristeza dou risada/ pra não chorar de paixão".

Outra canção diz respeito a uma boiada que passava por uma porteira lá pelas bandas de Ouro Fino, Minas Gerais, que era sempre pressurosamente aberta por um menino, o qual, foi um dia atingido por um boi bravo. Estória retratada até nas telas de cinema. Deonísio relaciona a essa passagem do boi pela porteira, à denominação de "boi" à menstruação das meninas em algumas regiões do centro-oeste do país, que também recebe o sinônimo de paquete, uma clara referência ao packet-boat, barco inglês que aportava com a correspondência da Europa uma vez por mês. Estar de boi pode ter influência também do boi bravo, que, segundo explica Deonísio, teria servido de metáfora nordestna para a síndrome pré-menstrual, atualmente conhecida por TPM, as iniciais de tensão pré-menstrual. Mas isso já outra estória...

Zacharias Bezerra de Oliveira

domenica 23 maggio 2010

NOMES PRÓPRIOS E ETIMOLOGIA

Apresentamos alguns nomes próprios com a devida explicação etimológica. Alguns nomes têm mais de uma explicação possível e nem sempre esta explicação é puramente etimológica. Há casos em que ela se dá por analogia ou outras formas. Os nomes próprios revelam, vez por outra, curiosidades como: Burro, Calógero...

Abdala. Do árabe, Abd = servo, + Allah = Deus. Servo de Deus.
Abdalaziz. Do árabe, Abd = servo, al (artigo), + Aziz = vitorioso. Servo vitorioso.
Arquelau. Do grego, archo = governo, + laos = povo. Governador do povo.
Arsênio. Do grego, arsen = viril, macho. Homem viril.
Arquimedes. Do grego, arqui = super, + medes, de medomai = pensar. Grande pensador.
Artur. Do céltico, art = pedra. Duro como a pedra.
Ascânio. Filho de Enéas, de etimologia desconhecida.
Aspásia. Do grego, aspozomai = abraçar. Mulher que acolhe com ternura. Era uma mulher ateniense célebre por sua beleza.
Asdrúbal. Do púnico, a`ru Baal = auxílio de Baal.
Assurbanipal. De axur-bani-pal = o deus Assur cria o filho.
Astolfo. Do alemão, ast-wulf = a lança que socorre.
Astério. Do grego, astérios = brilhante como um astro.
Atanásio. Do grego, athanatós + imortal. Vencedor da morte.
Ataulfo. Do alto alemão, Auxilio Paternal.
Átila. Do gótico, diminutivo de atta = pai. Significa: Paizinho ou Painho (na Bahia).
Augusto (a). Do latim, Augustus = consagrado pelos bons presságios dos adivinhos.
Aurélio (a). Palavra híbrida, do latim aurum =ouro, + elios = sol. Brilhante como o sol.
Aurora. Do latim, aurorra = brilhar, reluzir, alvorecer.
Austragésilo. Do gótico, austr = brilhante, + Geisel = refém (em alemão). Brilhante refém. É que na antiguidade os reféns eram tomados entre os filhos de pais ilustres.
Autólico. Do grego, autos = próprio; + lykós = lobo. O próprio lobo.
Aziz. Do árabe, significa o Bem Amado.

Balbino (a). Do latim, Balbinu = diminutivo de Balbus. Pequeno Balbo.
Balduino. Do alemão, Bald = audaz, ousado, + win = companheiro. Amigo corajoso.
Baraquias. Do hebaico, Barakiah = Deus abençoou.
Bárbara. Do grego, bárbaros = estrangeiro. Na antiguidade = o que não fala grego.
Basílio. Do grego, Basileios = real, régio. Em russo, Vasili, que foi o primeiro Czar russo.
Batista. Do grego, baptistés = balizador. Aquele que batiza.
Beatriz. Do latim, Beatrix = a que torna feliz.
Belisa. É apenas um anagrama de Isabel.
Belisário. Talvez do grego, belos = dardo. O que arremessa dardos ou flechas.
Benedito. Do latim, bendictus = abençoado.
Benoni. Do hebrico, Ben-aini filho da dor (cf. Gen.35, 18).
Bequimão. Do alemão, Bäckmann = padeiro.
Berengário. Do alemão, Bern = urso, + gar = lança. Caçador de ursos.
Berenice. Do macedônio, fere = trazer, + nike = vitória. Aquela que traz a vitória.
Bernardo. Do alemão, bern = urso, + hard = audaz. Ousado como um urso.
Berto (a). Do alemão, Berth = esplêndido (a). Associado a Alberto, Humberto, Roberto.
Bertoldo. Do alemão, Berth = esplêndido, + wald = chefe. Chefe esplêndido.
Bertrando. Do alemão, Berth = brilhante, + rand = escudo. Escudo brilhante.
Blandina. De origem latina. Significa, mulher, meiga e afável. Mártir cristã do século II.
Boaventura. De origem latina. Significa, o bem-vindo, o afortunado.
Bonifácio. Do latim, bonifatus = bem fadado. Ou de bônus faciens = o que faz o bem.
Breno. Do gaulês, brenn = cabeça. O Chefe. Em latim, Brenus (cf. Tito Lívio, V, 48).
Brígida. Do irlandês, Brig, ou Brighid = forte, grande. A forte.
Brunilda. Do alemão, brünne = couraça, + hild = combate. A que combate com couraça.
Bruno (a). Do francês, brun = moreno, trigueiro. Bruno louro é contradição etimológica.
Burro. Do latim, burrhus. Nome próprio masculino. Pode até ser raro, mas existe. Um deles é célebre, o americano Burrhus F. SKINNER, *1904+1990, um dos grandes psicólogos do século XX. Ele contribuiu muito para a teoria behaviorista, de J. B. Watson.

Caio. Do latim, gaius = alegre. Foi de “gaius” que o francês tirou “gai” = alegre.
Caetano. Do latim, caietanu = natural da cidade de Gaeta (Itália).
Calisto. Do grego, kallistós = belíssimo. O que é muito belo.
Calógero. Do grego, kalogeros = belo velho. Pandiá Calogeras foi o primeiro civil brasileiro da chefiar o Ministério da Guerra, em 1919 no governo de Epitácio Pessoa.
Calícrates. Do grego, kalos = belo + krates = forte. Forte e belo.
Calígula. É o diminutivo de caliga = alpercata dos soldados romanos. Calígula, = Caius César Germanicus, foi criado em acampamentos e recebeu dos soldados esse apelido. Tornou-se o imperador e passou para a história com esse nome: “alpercatinha” = Caligula.
Calíope. Do grego, kalos = belo (a), + ops = face, rosto. De bela face, bonita. Musa da poesia, ela é invocada por Camões em Os Lusíadas.
Calipso. Do grego, kalypsô = esconder. Era uma ninfa que se ocultava na ilha de Ogigia.
Calístenes. Do grego, kalos = belo, + sthenes = forte. Homem forte e belo.
Calvino. Do latim, calvinu = um pouco calvo, meio careca.
Camerino. (Sobrenome). Natural de Camerino, cidade do centro norte da Itália.
Camilo (a). Do latim, Camilus = jovem livre de família importante.
Cândido. Do latim, candidus = ingênuo, simples, puro.
Canuto. Do dinamarquês. Significa, poderoso, forte.
Carlos. Do alemão, Karl = Forte, viril. Ou do latim, carus = estimado.
Casimiro. Do polonês, ukasar = pregar, = mir = paz. Pregador da paz.
Cassilda. Do alemão, aquela que combate com lanças.
Cássio e Cassiano. Do latim, cassis = elmo. Homem armado com o elmo.
Castro. (Sobrenome). Do latim, castrum. Acampamento, fortaleza.
Catarina. Do grego, katarós = puro. Significa, a pura.
Cataldo. Do alto alemão, hatu = guerra, + wald = potente. Fortíssimo na guerra. São Cataldo é o protetor de Taranto, porto militar italiano no calcanhar da bota.
Castor. Do grego, kastor = brilhante.
Catulo. Do latim, catulus = cãosinho, cachorrinho, filhote.
Celeno. Do grego, keláinos = negro, sombrio. Nome de mulher. Era uma das harpias.
Celeste. Do latim, coelestis = habitante do céu.
Celestino (a); Celina. Diminutivos de Celeste.
Celso. Do latim, celsus = alto, elevado, apreciado, respeitado.
Ceres. Do latim, Ceres = criadora. Deusa da mitologia greco-romana.
Cesário. Do latim, Cesarius = Dedicado a César.
Cícero. Do latim, Cícero, ciceronis = grão de bico. (Cf. Plutarco, Vida de Cícero, I, 1).
Cilene. Do grego, kylléne. Nome feminino de etimologia desconhecida.
Cincinato. Do latim, cincinatu = de cabelo cacheado.
Cineas. Do grego, kineas. Nome de homem de etimologia desconhecida.
Cipriano. Do latim, cyprianu = cipriota, natural de Chipre.
Cirene. Do grego, kyrene = Nome de uma das ninfas. É uma cidade da África.
Cireneu. Do grego, kyrenáios = natural da cidade de Cirene.
Ciríaco. Do grego, kyriakós = do Senhor, senhorial.
Cirilo. Do grego, kyrillos = plena autoridade.
Ciro. Do persa = sol; pelo grego, kyrós = força. O que tem poder, o que é forte.
Cláudio (a). Do latim, claudus = manco, coxo. Da família romana, Claudius.
Claudino. É o diminutivo de Claudio.
Claudionor. Significa: “em honra de Cláudio.

mercoledì 19 maggio 2010

A VÍRGULA

Um dos fenômenos dessa nova era tecnológica é a quantidade de informações que se recebe diariamente pela Internet. Entre as tentativas de uns em colher dados de seu computador ou enviar vírus com mensagens do tipo: "oi, lembra de mim? click e veja nossas fotos", ou: "amigo, você está sendo traído, veja aqui as fotos do beijo" e tantas outras que pedem um número de conta bancária para despositar uma soma enorme de dólares que ficou esquecida em um banco da África, ou prêmios de loterias ganho em países, onde eu jamais estive, ou se lá estive nunca na loteria apostei.

"A vírgula" é o título de um texto que recebi já algumas vezes e que me foi enviado recentemente pela amiga, leitora e seguidora de meu blog, Inês Amarante. Segundo informa, o texto faz parte de uma "campanha dos 100 anos da ABI" (Associação Brasileira de Imprensa).

A pontuação é uma das grandes dificuldades encontradas pelos meus alunos de língua portuguesa. Se a vírgula é difícil, imgine o ponto e vírgula. Este último ninguém se arrisca em colocar. Vamos ao texto:

A vírgula

Muito legal a campanha dos 100 anos da ABI. (Associação Brasileira de
Imprensa).

Vírgula pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere.
Não espere..

Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.

Pode criar heróis..
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.

A vírgula pode condenar ou salvar.
Não tenha clemência!
Não, tenha clemência!

Uma vírgula muda tudo. ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma
vírgula da sua informação.

Detalhes Adicionais:

SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER
ANDARIA À SUA PROCURA.

* Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER...
* Se você for homem, colocou a vírgula depois de TEM...

Zacharias Bezerra de Oliveira

venerdì 14 maggio 2010

MAU OU MAL?

Esta é uma das grandes dificuldades com que se deparam as pessoas ao ter que escrever este termo. Os que acompanham a nossa coluna no Diário do Nordeste todas as segundas-feiras, Palavra, Lógica e Sentido, vão aprender no próximo dia 17 que mau é o contrário de bom e mal é o contrário de bem. Portanto, basta fazer a pergunta sobre o contrário da palavra para saber como escrevê-la.

Mau – Do latim, malus = que causa mal, cruel, funesto, nefasto, nocivo, malvado e também grosseiro = ele atendeu o cliente com maus modos; sem talento ou inábil = ele era um mau pintor. O superlativo de “mau” é péssimo ou malíssimo.

Quando usar “mau” ou “mal”. Mau é o contrário de “bom”; mal é o antônimo de “bem”. Há uma regra simples: a) se a palavra que acompanha é substantivo, usa-se “mau”, ex: mau-caráter, mau-
-olhado, maus-tratos, mau-vizinho... e sem hífen: ato mau, mau exemplo, mau negócio, mau conselho, mau costume, etc. b) Se for verbo, advérbio ou adjetivo, usa-se “mal”, como: mal-estar, mal-agradecido, mal-aconselhado, mal-acostumado, mal-apresentado, mal-educado, livro mal traduzido, carta mal escrita, passar mal, sair-
-se mal.

Atenção para o uso de “malgrado” e “mau grado”: usa-se malgrado quando se quer dizer “não obstante”, ou “apesar de”... “não conseguimos salvar a vítima, malgrado nossos ingentes esforços”; emprega-se mau grado, quando se quer dizer “contra a vontade” ou “a contragosto”... “mau grado meu, ela me acompanhou”; “ele comprou de mau grado um ponto da rifa”.

lunedì 10 maggio 2010

FONOLOGIA

O que há de comum entre o ser humano e as aves? Coloquei essa questão na sala de aula, mas meus alunos não souberam responder. Os pássaros, assim como os homens, são dos poucos seres do reino animal que dependem de um período maior de atenção até poderem seguir seus caminhos sozinhos. As aves são nutridas pela mãe até criarem asas e passam por treinamento até saberem voar por conta própria. O homem, por um tempo relativo maior, também segue o mesmo caminho. As aves têm uma particularidade: sabem voar. O ser humano, outra: podem falar. Guardadas as diferenças e as devidas proporções, estas peculiaridades podem ser tomadas como pontos comuns entre ambos.

O livro "Os Serões Gramaticais", de Ernesto Carneiro Ribeiro, diz que o aparelho da voz é composto de vários órgãos que o tornam maravilhoso e sem imitação na natureza. É um dos mais importantes da organização humana. Este aparelho faz de cada um de nós um músico. É um instrumento que diferencia o homem de todos os outros animais. É único e é múltiplo ao mesmo tempo. Único na estrutura. Múltiplo na sua função, pois une...

o doce e o suave de todos os instrumentos; irmana o simples ao sublime, o triste e lúgubre ao alegre e risonho; vivifica as suas notas, aquecendo-as ao fogo das paixões; suaviza seus acentos, afeiçoando-os à ternura dos afetos e das doces comoções; avigora-os, acomodando-os às energias da vontade, ao brilho dos conceitos, à varonilidade e ao vigor d'alma (RIBEIRO, p. 25, 1955).

A sonoridade da voz é algo bem particular, seja cantando ou seja falando, cada um tem o seu timbre próprio. Seja com notas graves ou agudas, ou de intensidade, amplitude e duração de ritmo distintos, cada um tem a sua melodia particular. Dentro de um Estado, como o Ceará, o sotaque bem distinto do Cariri, diferencia-os do restante do Estado.

O aparelho fonador utiliza, pois, as vogais e as consoantes para produzir o som. A corrente de ar, que parte dos pulmões, modificada pelas disposições da faringe, produz os sons vogais. As consoantes, ao contrário, são ruídos que se produzem na mesma cavidade pela obstrução da corrente de ar. E a mistura dos dois forma as palavras e a música que embala os nossos ouvidos.

giovedì 6 maggio 2010

A DIVISÃO SILÁBICA

A divisão silábica, que em regra se faz pela soletração: a-ba-de, bru-ma, bru-xa, ca-cho, gan-cho, lan-che, lha-no, ma-lha, ma-nha, má-xi-mo, ra-lha, ran-cho, ó-xi-do, ri-nha, ro-xo, tme-se e na qual, por isso, não se tem de atender aos elementos constitutivos dos vocábulos segundo a etimologia (a-ba-li-e-nar, bi-sa-vô, de-sa-pa-re-cer, di-sú-ri-co, e-xâ-ni-me, hi-pe-ra-cús-ti-co, i-ná-bil, o-bo-val, su-bo-cu-lar, su-pe-rá-ci-do), obedece a vários preceitos particulares, que rigorosamente cumpre seguir, quando se tem de fazer em fim de linha, mediante o emprego do hífen, a partição de uma palavra:

1) São indivisíveis no interior de palavra, tal como inicialmente, e formam, portanto, a sílaba para a frente as sucessões de duas consoantes que constituem grupos perfeitos, ou sejam (com exceções apenas de vários compostos com prefixo terminados em b ou d: ap-to, ab-legação - de ab-legar -; ad-ligar, sub-lunar etc., em vez de a-blegação, a-dligar, su-blunar etc.) aquelas sucessões em que a primeira consoante é uma labial, uma velar, uma dental ou uma labiodental e a segunda, um l ou um r: a-blução, cele-brar, du-plicação, re-primir, a-clamar, de-creto, de-glutição, re-grado, a-tlético, cáte-dra, perime-tro, a-fluir, a-fricano, ne-vrose.

2) São divisíveis no interior da palavra as sucessões de duas consoantes que não constituem propriamente grupos e igualmente as sucessões de m ou n, com valor de nasalidade, e uma consoante: ab-dicar, Ed-gardo, op-tar, sub-por, ab-soluto, ad-jetivar, af-ta, bet-samita, íp-silon, obs-tar, ob-viar, des-cer, dis-ciplina, flores-cer, nas-cer, res-cisão, ac-ne, ad-mirável, cac-tus, Daf-ne, diafrag-ma, drac--ma, ét-nico, rit-mo, sub-meter, am-nésico, inte-ram-nense; bir-reme, cor-roer, at-mo, pror-rogar; as-segurar, bis-secular, pror-romper, sos-segar, bissex-to, con-texto, ex-citar, atroz-mente, capaz-mente, infeliz-mente; am-bição, desen-ganar, en-xame, man-chu, Mân-lio etc.

3) As sucessões de mais de duas consoantes ou de m ou n, com o valor de nasalidade, e duas ou mais consoantes são divisíveis por um de dois meios: se nelas entra um dos grupos que são indivisíveis (de acordo com o preceito 1º), esse grupo forma sílaba para diante, ficando a consoante ou consoantes que o precedem ligadas à sílaba anterior; se nelas não entra nenhum desses grupos, a divisão dá-se sempre antes da última consoante. Exemplos dos dois casos: a) cam-braia, ec-tlipse, em-blema, ex-plicar, in-cluir, ins-crição, ins-truir, subs-crever, trans-gredir; b) abs-tenção, disp-neia, in-terste-lar, lamb-dacismo, sols-ticial, Terp-sícore, tungs-tato, tungs-tênio/tungs-ténio.


Ectlipse, do grego ektlípsis = ato de esmagar. É a elisão do m final de
certos vocábulos, quando se lhes segue uma vogal. Por ex.: côa em vez de “com
a”. A ectlipse ocorre mais na poesia por necessidade métrica: co’os filhos, co’a
luz, em vez de: com os filhos, com a luz. Camões usou muito bem a ectlipse:
“E vós, Tágides, minhas, pois criado
Tendes em mi um novo engenho ardente,
Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mi vosso rio alegremente,
Daí-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloco e corrente,
Por que de vossas águas Febo ordene
Que não tenham inveja às
de Hipocrene” (Lusíadas, Canto I, Estr. 4). (Lisboa, 1ª. Edição, 1572).

4) As vogais consecutivas que não pertencem a ditongos decrescentes (as que pertencem a ditongos deste tipo nunca se separam: ai- roso, bei- rões, cadei- ra, chei- rosas, cimei- ra, escrivães, insti- tui, ora- ção, sacris- tães, traves- sões) podem, se a primeira delas não é u precedido de g ou q, e mesmo que sejam iguais, separar-se na escrita: ala- úde, áre- as, ca- apeba (do tupi: ka’a = folha, erva + peua = chato, designação de diversas plantas da família das piperáceas), co-ordenar, do- er, flu- idez, perdo- as. O mesmo se aplica aos casos de contiguidade de ditongos, iguais ou diferentes, ou de ditongos vogais: cai- ais, cai- eis, ensai- os, flu- iu.

5) Os diagramas gu e qu, em que o u não se pronuncia, nunca se separam da vogal ou ditongo imediato, ex.: ne- gue, ne- guei, pe- que, pe- quei, do mesmo modo que as combinações gu e qu em que o u se pronuncia: á- gua, ambí- guo, iní- quo, oblí- quo, averi- gueis, longín- quos, lo- -quaz, quais-quer.

6) Na tansliteração de uma palavra composta ou de uma combinação de palavras em que há um hífen, ou mais, se a partição coincide com o final de um dos elementos ou membros, deve por clareza gráfica, repetir-se o hífen no início da linha imediata: ex- / -alferes, serená-los-emos, couve- / -flor, amá- / -lo, fazê- / -lo, vice- / -almirante etc.

Atenção: Os atuais programas de computador não aceitam essa repetição do hífen na linha seguinte. Mas, com certeza, os técnicos solucionarão esse problema.

lunedì 3 maggio 2010

Perdido entre “tecas”

Perder-se no centro de Roma é o melhor programa casual que encontro aqui. Primeiro você não precisa recorrer ao 113 e nem mesmo a mapas. Andando um pouco mais consegue se localizar, ao encontrar uma igreja, um edifício conhecido, um monumento célebre; depois você descobre casas ou hotéis com placas informando que ali moraram pessoas célebres: W. Goethe (de 1786 a 1788 morou na Via Del Corso), Santo Inácio de Loiola, M. Lutero, Giordano Bruno, São Roberto Belarmino, Dante Alighieri, Torquato Tasso, Loreenzo Bernini, Antonio Canova, Caravaggio, Michelangelo, Raphael... Finalmente, mas não por último, você encontra muitas e muitas "tecas".

A "Cidade Eterna" é um museu a céu aberto. Com um pequeno guia informativo você pode, de graça, fazer interessantes e significativas descobertas. Eu admiro muito as "tecas". Teca é uma palavra grega, théke, (θήκη), que significa: caixa, urna, depósito... A teca grega virou sufixo de muitas palavras portuguesas com o sentido de "depósito", "lugar de guardas um tipo de coisa", ou "coleção de algo".

Assim, é prazeroso encontrar aqui, ao acaso e como por encanto, apotecas, bibliotecas - inclusive multilíngues - carpotecas, cinematecas, discotecas, enotecas, fonotecas, fototecas, gliptotecas, grafotecas, hemerotecas, hoplotecas, iconotecas, litotecas, ludotecas mapotecas, paninotecas, pilotecas, pinacotecas, sonotecas e zitotecas.

Ao entrar num supermercado, você é autônomo, mas é um anônimo. Entrando numa dessas ``tecas``, você é um cliente e tem um atendimento personalizado. Elas em geral são aconchegantes e enchem os nossos olhos. Há as que alimentam e curam o corpo, umas alegram o coração, outras nutrem a mente ou estimulam a fantasia e aguçam a imaginação.
O POVO – Fortaleza, 01 de maio de 2010
Frei Hermínio Bezerra
Frade capuchinho em Roma